gato
Foto de M. Guiomar, 1982
Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pelo, frio no olhar!
De que obscura forças és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?
Alexandre O'Neill
futuros contactos
a cabala e o burro
Então esteve o pessoal acordado até tarde, colado à televisão, para isto? De que serviram os votos da Europa? E o Michael Moore? E o Bruce on the road? E a senhora Heinz à frente do lóbi português? E os enviados da SIC? E o Nuno Rogeiro? Aqui há cabala. E da grossa. Não se monta assim um espectáculo para o mau da fita casar com a moça. Pagámos bilhete, queríamos um fim à maneira, à Dirty Kerry, make may day punk. Mas não. Ainda se pusessem o Billy Cristal a apresentar a coisa, como nos Óscares. OK, Kerry, estás despedido. Já te tínhamos avisado, à primeira, rua. Resta-nos a vingança, que, ao contrário do que dizem, se serve a ferver. Retirem, pois, todos os W do teclado (e o M, que é o W invertido). Mudem para Linux. Queimem as gangas e os discos dos Doors. Mandem regressar os emigrantes (e os enviados da SIC). Desertem os McDonalds e a Disneyland. Ou então não paguem. Pregai os malefícios da Coca-Cola e da Broadway. Times Square à hora de ponta? Não conhecem a IC19. E a 25 de Abril é mais bonita que a Golden Gate, a Boca do Inferno mais excitante que o Grand Canyon. Nashville? Temos o pessoal do Redondo e os EnaPá. Las Vegas? Olhai o bingo do Belenenses. Ai ele é o Spielberg e Silicon Valey? Não há pai pró Canijo e prá Moderna. Isaltino, és o nosso Giuliani. Desliguem o Jay Leno (basta-nos o Goucha) e o Seifeld (avance o Fernando Rocha). T'arrenego Frank Carlluci e Joe DiMaggio. E o pecado que mora ao lado. Mais o Dallas e o Jim Carrey e as entrecoxas da Sharon Stone . Ala que se faz tarde. Escrevam ao vosso deputado e ao Rui Gomes da Silva. E que não venha agora o Presidente apelar à serenidade. Basta. Quatro anos não são quatro dias. Mais do mesmo? O George, o Dick, o Donald, a Condolezza? Todos juntos e unplugged? Credo. Antes o Santana por mais um ano. Espirra o americano e a gente tem de dizer santinho. E emprestar-lhe o lenço. E bater-lhe nas costas: então quando aparece lá por casa? Bonito, ó Vasco, que o mundo está perigoso. God bless America e também não se esqueça de nós.
Subscrever:
Mensagens (Atom)